domingo, 16 de setembro de 2012

... sensibilidade que fabrica juízes mais do que fazer possível a criação de artistas.


O consolo da função da arte não está na compreensão, nem no adestramento artístico, nem adestramento formal. Estas atitudes que a arte contemporânea tráz funcionam como interruptores da percepção da sensibilidade, do entendimento. Funcionam como um descaminho do que é conhecido. Diferente de certo consolo que se busca nas artes. 

Nietzsche e os “homens sérios”: a arte não é um divertido acessório, não é um tintinar de guizos que se pode dispensar diante da seriedade da existência. A arte apolíneo-dionisíaca assume (e não esconde) a tragicidade da existência, que só se justificaria como fenômeno estético. A arte não serve para consolar, confortar, acalmar as vontades, mas pelo contrário. Esse interruptor de percepção da arte não é elevar-se espiritualmente. A formação estética que podemos pensar a partir de um ideal é de outra ordem, que não tem uma moral, uma finalidade moral nos esperando para nos confortar, um thelos definido, onde pretendo chegar. 

As ideias aqui expostas são tentativas de excitar a desconfiança dos modelos instituídos, que há muito tempo estão falidos. Modelo de “sensatez pedagógica escolarizada” (Jódar, Gomez, 2004). “O cenário de uma máquina conservadora de repetições e recorrências”, uma “máquina produtora de sensatez mais do que sensibilidades” ou produtora de uma sensibilidade que “fabrica juízes mais do que fazer possível a criação de artistas” (Obregón, 2007).

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