O OLHAR
O último olhar do condenado não é
nublado
sentimentalmente por lágrimas
nem iludido por visões quiméricas.
O último olhar do condenado é nítido como uma
fotografia:
vê até a pequenina formiga que sobe acaso pelo rude
braço do verdugo,
vê o frêmito da última folha no alto daquela
árvore, além...
Ao olhar do condenado nada escapa, como ao olhar de
Deus
- um porque é eterno,
o outro porque vai morrer.
O olhar do poeta é como o olhar de um
condenado...
como o olhar de Deus...
Mário Quintana
poema do livro Báu de Espanto
2 comentários:
Belas fotos e lindo o poema do Quintana.
Parabéns!
Plínio Mósca
diretor e professor de teatro
pliniomosca@gmail.com
Obrigado pelo comentário Plínio.
Abraço.
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