Gumbrecht lembra que existem outras formas de apropriação do mundo que ultrapassam a interpretação. Ele fala em “comer o mundo” (2004, p. 86/ Production of Presence), comer as coisas do mundo, como na antropofagia. Da mesma forma, descreve o “penetrar o mundo” (2004, p. 87/Production of Presence). A sexualidade, a agressão, a destruição são formas de fusão com o mundo ou com outros corpos. E “possuir o mundo” (2004, p. 89/ Production of Presence), como forma de misticismo, como desejo de consciência plena, na qual se tem uma possessão do mundo ou dos espíritos do mundo, trata-se de uma crença na perda de si mesmo.
Assim, os Estudos da Presença através do registro da ação fotográfica não é uma disciplina, mas uma abordagem, uma tentativa de minimizar as interpretações como única forma de análise das práticas performativas e de incluir os processos criativos no centro da discussão. Tarefa sempre provisória, é claro, mas que convida também os próprios
artistas a darem voz a um tipo de pesquisa que não é a simples descrição de fatos e acontecimentos, mas uma polifonia de visões e movimentos.
"Creio
que só se pode ensinar o amor por algo. Eu não ensinei literatura inglesa, mas
sim o amor por essa literatura. Ou melhor dizendo, já que a literatura é
virtualmente infinita, o amor por certos livros, por certas páginas, talvez por
certos versos. Ditei essa cátedra durante vinte anos na Faculdade de Filosofia
e Letras. Dispunha de cinqüenta a quarenta alunos, e quatro meses. O menos
importante eram as datas e os nomes próprios, mas consegui ensinar-lhes o amor
por alguns autores e por alguns livros. E há autores, bem, dos quais eu sou
indigno, então não falo deles. Ou seja, o que faz um professor é buscar amigos
para os estudantes. O fato de que sejam contemporâneos, que estejam mortos há
séculos, de que pertençam a esta ou aquela região, isso é o de menos. O
importante é revelar beleza e só se pode revelar a beleza que se sente". Jorge Luis Borges
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